O passarinho que canta e a serpente
Um jovem amazonense, que estava fazendo suas composições para o Festival da Canção, no meio da conversa, disse simplesmente:
- Pois é. Lá no Amazonas existe um passarinho que canta, canta e canta tanto que mata cobra só de raiva.
Aquele rapaz bem me havia dito uma coisa interessante. Perguntei o nome do pássaro e ele não soube responder. Mas, num dia qualquer, encontrei um ornitólogo que me deu a explicação:
A débil ave, aborrece a serpente, insistindo no seu canto, perseguindo-a, talvez com pios, que seriam, na sua linguagem, uma forma de ataque. A cobra, a princípio, vai esgueirando-se para longe daqueles sons que tanto a perturbam.
Mas o passarinho não sossega. Está no alto, vê que ela se enrodilhou no galho de uma árvore ou desceu e tentou ver se se escondia em qualquer depressão verde da floresta amazônica. E tome canto, e tome trá-lá-lá-lá e tome sulviar bem fininho.
A cobra agora sabe que não pode mais esconder-se. Ergue-se a meio corpo, prepara um bote, mas o cantor impiedoso voa de cá para lá e ela jamais terá meios de alcançá-lo . Então acontece isto que eu considero uma beleza dentre as lições que a natureza nos dá.
A serpente, símbolo de todo mal, como que num ataque de fúria ao tenta cravar suas presas no passarinho, abocanha e injeta todo o veneno em sí própria e acaba padecendo de seu próprio mal.
Assim é todo homem insensato e ardiloso, anda de lá e cá procurando alguém em que possa cravar suas presas e injetar todo o veneno da maldade.
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